sábado, 4 de fevereiro de 2017

Silence (2016)

O que é Silêncio? Essencialmente um filme para meditar onde portugueses, não sabem falar português, esforçam-se por dizer o nome “Ferreira” de forma convincente: nunca conseguem. Definitivamente o diretor do filme deveria ter escolhido um apelido que os americanos soubessem pronunciar tipo Trumpa.


Silêncio fala sobre dois padres jesuítas portugueses que se auto-propõem para ir para o Japão procurar pelo famoso padre “Feueua” (Ferreira), o qual se dizia que tinha negado a sua fé e casado com uma japonesa: são esses padres Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e Francisco Garrpe (Adam Driver).



Uma vez no Japão, os falsos-tugas vão deparar-se com comunidades cristãs que vivem a sua fé em segredo devido à perseguição de que eram vítimas por uma inquisição nipónica. É perante o sofrimento constante destes mártires que os protagonistas do filme, os dois sacerdotes, se confrontam com o silêncio de Deus perante o sofrimento daqueles que n’Ele creem.




O filme está povoado com diferentes referências à história da vida de Cristo, desde a chegada a Jerusalém numa burra, ao canto dos três galos, Cristo cativo, o Calvário etc. que ajudam a compreender a mensagem do filme.

Há uma personagem que não nos deixa de causar alguma estranheza. Falamos de Kichijiro (Yōsuke Kubozuka) um nativo do Japão que irá ajudar os jesuítas portugueses com o terreno, levando-os a aldeias perdidas, antigas aldeias cristãs. A sua peculieridade está, contudo, nas inúmeras vezes em que renega Cristo e, depois, se confessa pedindo perdão… Pode parecer uma personagem um tanto ridícula, porém, até que ponto nós não somos, também, um Kichijiro? Sempre a fazer porcaria, com medo das represálias, pensando sempre mais em nós que nos outros?


É inegável o impacto que este filme tem tido do ponto de vista das questões que levanta: uns classificam-no de uma apologia do relativismo (em especial nos meios mais conservadores dos EUA), outros dum alerta para a repressão ideológica e religiosa que se vive um pouco por todo o mundo, e de formas bem diferentes.

Não queremos ser spoilers, contudo, devido à complexidade das questões que o filme levanta (que motivou, em Portugal, a realização de diversas atividades em torno dos temas do dito filme, organizadas pela Companhia de Jesus, pelo Museu de São Roque, Fundação do Museu do Oriente, entre outros…), achámos por bem partilhar uma entrevista do realizador do filme, Martin Scorsese, a partir da qual se consegue algumas linhas de pensamento a ter em conta aquando duma reflexão sobre as questões levantadas.

Queremos também partilhar convosco a participação dum jesuíta português, o padre Nuno Branco, que em conjunto com a artista japonesa Kumi Matsukawa fez um trailer desenhado do filme. O resultado foi curioso… Vejam a entrevista mais a baixo e o trailer aqui.






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